terça-feira, 30 de setembro de 2008

Tardes

Essas tardes cinzas são lentas, mornas e vem acompanhadas de um misto de saudade, tristeza e preguiça.
E tudo anda devagar, como no poema de Carlos Drummond de Andrade, onde as janelas se olham.




---
Tarde cinza 

Antigamente, as tardes cinzas eram plúmbeas. 
Hoje são apenas indisfarçavelmente cinzas 
e nelas pássaros não passeiam. 
Trafegam, sim, nuvens, cujo destino 
o vento insiste em manter imprevisível. 
Parece que vai chover e, como nunca trago o guarda-chuva, 
tenho a esperar que passe o aguaceiro ou que nele eu me misture, 
suor de fora juntando-se ao transpirar de dentro. 
Num ritmo que meu encanto por você me dita 
deixo as gotas se juntarem em minhas mãos em concha 
e tenho do que beber. 

(Por:: José Eduardo Mendonça em Usina de Letras - www.usinadeletras.com.br)

Nenhum comentário: